Friday, August 04, 2006

Dark da tristeza

Para um amigo.
Lástimas em exagero. Bebida em exagero. Fuga em exagero. Tudo exageradamente exagerado. E assim, em abundância, as dores e o pôr vir das derrotas vão se aglutinando; vão se aglomerando. A luminosidade solar existe; mas é fraca, sem vida, sem gosto. Como se não houvesse sol mesmo. E sim chuva. Uma chuva torrencial, lastimosa e tristonha. Sim, acompanhada da beleza tristonha. E a claridade do sol é tristemente substituída pôr um céu negro e tenebroso. O dark da tristeza e da incompreensão em que me meti sem pedir. E as gotas transformadas em lágrimas, cortam. Cortam profundamente. Cortam de matar E o resultado de todo esse tristonho desenho é uma cabeça baixa, olhos distantes, palavras vagas, vida cansada. Vida sem nexo, sem explicação. Perguntas sem respostas teimam a vagar sobre mim.Perguntas tolas como "o que eu faço?", "o que eu fiz?", "o que fizeram de mim?". Não raramente, eles me dizem respostas desconexas que não merecem atenção. Não quero crer que a dúvida e a incompreensão sejam de todo desprezíveis. Quero que elas sejam minhas. Que me perteçam e que me devorem de uma vez. Estou certo que depois do inferno dantesco, calmaria nascerá, acompanhada das moscas que cambaleiam solitáriamente sobre mim. E que venha o aprendizado após as lástimas. Mas por enquanto, nobre amigo, que hoje me atormentou com as minhas inquietações, eu prefiro mesmo é as lágrimas silenciosas. O silêncio é o que me consola. O meu ato de resignação. A minha estratégia de sobrevivência. Sim porque apesar do tiro certeiro, eu continuo na guerra. Continuo no front da vida, assim como você. Essa guerra sangrenta e impiedosa. Que não poupa nada nem ninguém. Que atira e acerta com precisão. Que quer me pegar e me fazer sofrer. E um olhar mais cuidadoso me permite dizer: acertou novamente. E foi um tiro lá. No coração. O lugar mais frágil da alma, você bem sabe. E moribundo eu vou caminhando. Até quem sabe um dia parar de sangrar. Eu vou esperar, assim como quem espera o messias, essa dor sumir. Esse sangue estancar. Essas lágrimas escorrerem e secarem por si próprias por meio da ação do tempo e das circunstâncias. Ah, as circustâncias. Elas sim nos governam. Elas sim são o motor da vida. Elas sim imprimem esse rosto cansado e tristonho. Elas, as circustâncias, são definitivas.
Saulo Marques

1 Comments:

Blogger Thiago Viana said...

Eita.. tu que escreveu isso ae??? Fui até no google procurar... heheh!!!

7:37 AM  

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